NEFRECTOMIA EM CÃO COM DIOCTOPHYMA RENALE: RELATO DE CASO

  • Autor
  • Larissa Ribeiro
  • Resumo
  • A dioctofimose é uma parasitose causada pelo nematoide Dioctophyma renale, popularmente conhecido como "verme gigante do rim". Trata-se de uma parasitose de importância zoonótica, que acomete principalmente o rim direito de cães, devido à proximidade anatômica com o duodeno, embora o rim esquerdo e outros tecidos também possam ser afetados. A infecção ocorre, geralmente, pela ingestão de hospedeiros intermediários (anelídeos) contendo larvas em estágio L3. Clinicamente, pode se manifestar com sinais inespecíficos, como apatia, perda de peso, hematúria e, em casos avançados, comprometimento funcional renal. O tratamento preconizado em casos unilaterais é a nefrectomia, visto que não há terapia medicamentosa eficaz disponível. O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso de nefrectomia em um cão acometido por D. renale, destacando os achados clínicos, diagnóstico por imagem e abordagem cirúrgica. Um cão macho, da raça pit bull,12 anos de idade e 16,95 kg, foi atendido com histórico de prostração, emagrecimento progressivo e hematúria. Ao exame ultrassonográfico abdominal, o rim direito apresentava-se com parênquima com perda estrutural extensa, cápsula espessada e imagem tubular compatível com o parasito. Após estabilização clínica, indicou-se nefrectomia unilateral direita. O paciente foi submetido à laparotomia mediana sob anestesia geral. O rim direito foi exposto, observando-se atrofia, fibrose e aderências. A dissecção do hilo renal foi realizada com técnica combinada, realizando ligaduras duplas na artéria e veia renal utilizando fio monofilamentar de náilon 2-0, e ligadura do ureter proximal à bexiga com fio absorvível 3-0. O rim foi removido, evidenciando no seu interior um exemplar adulto de D. renale com 16 cm de comprimento. A cavidade abdominal foi inspecionada quanto à presença de outros parasitos, o que não foi constatado. Realizou-se lavagem peritoneal com solução salina estéril e síntese abdominal em planos anatômicos. O paciente apresentou recuperação anestésica e pós-operatória satisfatória, sendo mantido com analgesia multimodal (dipirona 25?mg/kg, meloxicam 0,1?mg/kg e tramadol 4?mg/kg). O animal foi reavaliado 25 dias após o procedimento, apresentando cicatrização completa, melhora clínica significativa e função renal compensatória preservada. Conclui-se que a nefrectomia é a conduta de escolha em casos de dioctofimose renal unilateral, sendo um procedimento seguro. O diagnóstico precoce por ultrassonografia e/ou urinálise é essencial para reduzir morbidade e evitar complicações sistêmicas. Este relato reforça a importância da vigilância epidemiológica em áreas endêmicas e da abordagem clínica cirúrgica apropriada para o manejo da dioctofimose em cães.

  • Palavras-chave
  • Dioctofimose, Dioctophyma renale, Nefrectomia, Zoonose.
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